"Sou Santa Cruz: lugar animado pela terra e pela fronteira de um oceano que é som, música, vertigem, visão, sonho e batalha."
Santa Cruz | Madeira
Quando o descobridor da Madeira, João Gonçalves Zarco, passou por um “vale de formoso arvoredo”, no dia 3 de julho de 1419 ou de 1420, encontrou cedros velhos tombados pelo tempo com os quais mandou fazer uma cruz, batizando o lugar de Santa Cruz.
Em 8 de Maio de 1440 é dada a Tristão “da Ilha” a Capitania de Machico. Específica o Infante D. Henrique, Regedor da Ordem de Cristo, que “carrego a Tristão, cavaleiro da minha Casa, da minha Ilha da Madeira de a terra desde além da Ribeira do Caniço dez passos, como vai pela Ribeira acima, e de aí atravessar a serra até à Ponta do Tristão”. Portanto, a Capitania estendia-se desde a Ponta da Oliveira (no Caniço) até à Ponta de S. Lourenço e desta até à Ponta do Tristão (no Porto Moniz), que ligava depois à Ponta da Oliveira, dividindo a ilha diagonalmente. Como se compreende, por esta divisão, Santa Cruz pertencia assim à antiga Capitania de Machico.
Em princípios do séc. XVI, Santa Cruz já ombreia com a vila de Machico, de quem dependia administrativamente, possuindo mais população e comércio, chegando mesmo a ter uma alfândega para despacho do lucrativo “trato do açúcar”. De destacar, neste comércio, Urbano Lomelino que se instalou no Porto do Seixo, possuindo casa e engenho e que mais tarde, por piedosa disposição testamentária, vai fundar o Convento de Nossa Senhora da Piedade de Santa Cruz, ou mesmo Nuno Fernandes Cardoso, que se estabeleceu em Gaula, possuindo Solar e Capela de São João Latrão, e ainda, a família Salvago, com as irmãs Isabel e Leonor Álvares que vão instituir a Capela da Mãe de Deus, no Caniço.
Devido à má administração de Machico pelo Capitão-Donatário Tristão Vaz, e ao crescimento de Santa Cruz, os poderosos Freitas de Santa Cruz vão pressionar o monarca a outorgar um foral para a localidade, o que de facto vai acabar por suceder a 26 de junho de 1515, com a criação da Vila e, em 15 de dezembro do mesmo ano, a obtenção do respetivo foral. A área deste novo concelho foi desmembrada de Machico desde o Porto do Seixo até ao termo do Caniço.
Por trás desta desagregação está o influente João de Freitas que, regressado em 1511 do norte de África, onde combateu valentemente os Mouros, era escudeiro e um homem de confiança do rei D. Manuel I e por isso recebedor da Fazenda da área de Santa Cruz. É ele, efetivamente, quem vai persuadir o monarca a dar o estatuto de município à dita localidade e é, inclusivamente, nas suas próprias casas, onde é reunida a primeira vereação da vila.
Se, no primeiro ano, a nova Câmara funcionou nas casas do “patrono”, no ano seguinte, já funcionava em casa própria sobradada, com portal gótico de arco quebrado e janelas geminadas, edifício este que chegou aos nossos dias e onde ainda hoje funciona a edilidade.
A nova Igreja Matriz de Santa Cruz, de planta de três naves, à semelhança da Sé do Funchal é, praticamente a segunda igreja da ilha, tendo sido mandada construir por João de Freitas, em substituição da acanhada e degradada velha capela do Bom Jesus, que servia de igreja paroquial, da qual hoje apenas resta o topónimo. Em 1533 estaria totalmente pronta, quando João de Freitas teve autorização de ser sepultado na capela-mor. O seu túmulo de laje de gosto flamengo, com lâminas de bronze a orlar a tampa, pode ainda hoje ser visto na referida capela da Matriz.
O Concelho foi essencialmente agrícola, com os seus poios artisticamente cultivados e irrigados por serpenteantes levadas, destacando-se, ainda hoje, a produção de cebola no Caniço e o cultivo e indústria do vime na Camacha.
Na freguesia do Caniço desenvolveu-se, a partir dos anos 70, a indústria do turismo, tirando partido da bonita frente mar, da sua tranquilidade, do ameno clima e da proximidade do Funchal.
Próximos Eventos
NATAL EM SANTA CRUZ 2025

SANTA CRUZ
De 22 de novembro a 17 de janeiro
O Natal em Santa Cruz é uma iniciativa que pretende valorizar as tradições enraizadas da cultura madeirense no período das festas. A tradicional lapinha, os tradicionais coros de Natal com especial foco para os coros escolares e os comes e bebes associados às missas do parto e ao comércio local são momentos de demonstração do modo como se vive a religião cristã na comunidade. Naturalmente que, também, deve ser considerado o impacto que o sistema turístico tem nesta época na região. A aposta numa programação atrativa e que possa servir de complemento à programação na capital regional, com o tradicional mercadinho de Natal e toda a animação turística envolvente, deve ser mais uma vez considerada por esta autarquia. A realizar de 22 de novembro a 31 de dezembro, o Natal em Santa Cruz visita os lugares comuns e essenciais aquilo que "faz lembrar o Natal": inicia-se com a bênção do presépio em Santa Cruz; a noite do mercado que pretende promover os produtos locais e todo o comércio afeto ao Mercado Municipal de Santa Cruz (frutas, legumes, licores e pastelaria tradicional), com uma programação musical característica da época junto da comunidade escolar e turística, nessa noite, que se prolonga até à madrugada, com muita animação artística, num espaço envolvido por toda a iluminação natalícia, costumes e tradições; a celebração do dia do Mercadinho da Camacha, que procura, uma vez mais, promover a vila que o acolhe, com animação musical e cultural atrativa para o fomento da atividade económica daquele icónico espaço. Nesta iniciativa os licores da festa (produtos artesanais preparados durante o ano são reis), as broas e as iluminações de Natal dispersas por todo o concelho convidam todos os que passam pela ilha a fazer uma visita pelas cinco freguesias do concelho.
Para além das tradicionais barracas de comes e bebes, onde será possível encontrar a gastronomia típica da época, preparada pelos feirantes, esta é uma excelente oportunidade para o convívio com os familiares e amigos, assim como a presença dos turistas, que terão oportunidade de conhecer as tradições natalícias regionais.
É possível visitar, também, o presépio na Praceta Padre Gabriel Olavo Garcês e todas as decorações de Natal espalhadas pelas ruas do centro histórico de Santa Cruz, iluminado a rigor e também em todas as sedes de freguesia.
FESTAS EM HONRA DO SENHOR SANTO AMARO 2026

SANTA CRUZ
De 14 a 17 de janeiro
Na Madeira, no concelho de Santa Cruz, o Natal prolonga-se até às festividades do Senhor Santo Amaro, uma tradição festiva, com forte cariz religioso. É uma data importante e religiosa, da Igreja Católica, celebrada no dia 15 do mês de janeiro. Nessa altura, em Santa Cruz, para além de ser prestada solenidade ao Santo, são, também, celebradas as festividades de carácter profano.
É a iniciativa que marca o desfecho da época natalícia, quando são “varridos os armários”, desfeitos os presépios e consumidas as últimas iguarias da Festa. Assinala, também, o início das festividades populares, como o primeiro arraial do ano. São realizadas durante alguns dias, de forma que abranja o interesse da maioria da população, pretendendo-se que as tradições musicais e culturais madeirenses façam parte e sejam apresentadas nas suas diversas vertentes, designadamente, a gastronomia, a música tradicional, a etnografia e, evidentemente, através da religião. O ambiente é sempre de muita animação, onde estão presentes diversas bandas tradicionais e folclore, barracas com as famosas espetadas tradicionais da região, bolo do caco, poncha e licores tradicionais. Dessa forma, o carácter religioso e o profano fundem-se para oferecer ao povo diversificadas artes, crenças e costumes, presentes na nossa sociedade. A Feira Etnográfica é um projeto com uma representação etnográfica e gastronómica das nossas tradições e costumes de antigamente. Visa mostrar a gastronomia e o artesanato tradicional, bem como objetos etnográficos, hoje raros de encontrar, especificamente, os cantares, usos e costumes. Do mesmo modo, divulga junto de toda a comunidade e dos turistas, o folclore da Região Autónoma da Madeira.
Este ano temos a confirmação da banda nacional cabeça de cartaz Átoa, a atuar no dia 15 de janeiro na Praça Padre Patrocínio Alves, em breve vamos divulgar o cartaz completo, fique atento!


